sábado, 9 de maio de 2009

A aplicação das idéias de Marx

Em 1818 nascia em Trier, sudoeste da Alemanha, Karl Marx, considerado por muitos um dos maiores filósofos de todos os tempos. Marx, filho de um judeu convertido ao protestantismo e de uma holandesa, descendente de conceituados rabinos judeus, não poderia assim como seus pais professar suas crenças por ser descendente de hebreus, deveria pensar como a sociedade alemã da época pensava, mas foi muito além em suas idéias. Estudou em sua cidade natal, mais tarde em Bonn e terminou seus estudos na capital alemã, Berlim. Em 1842 voltou para sua província natal, passando a escrever no Rheinische Zeitung, jornal de Colônia, importante cidade na Vestfália. Marx já descrevia suas indignações no jornal onde conheceu outro intelectual da época, Friedrich Engels, proferiam juntos grandes ataques ao governo prussiano.

Por ordens do rei da Prússia, Frederico Guilherme, o jornal onde Marx expunha suas idéias foi fechado, Marx foi então para Paris, porém de lá coordenava um novo jornal que ainda contestava o governo prussiano, em 1845 foi expulso de Paris, indo então para a Bélgica, mais tarde retornando para a Alemanha onde seria expulso novamente, não sendo aceito no retorno a Paris, instalando-se em 1848 na Inglaterra, continuava a escrever e influenciar inúmeros pensadores na época.

Na teoria seus escritos são muito interessantes, previa uma sociedade igualitária, sem distinção de classes, onde todos teriam os direitos básicos como saúde e educação atendidos, porém no comunismo o Estado seria extinto sendo substituído por associações de produtores. Dezenas de pensadores influenciados por Marx e os constantes conflitos sociais resultantes do poder sem limites da igreja e das monarquias absolutistas se tornaram um campo fértil para por em prática as idéias de Marx.

Na Rússia dos czares, um grupo de revolucionários liderados por Lênin, depôs a família real e passou a comandar esse gigantesco país. Não foi algo fácil para esse grupo se manter no poder, “O Livro Negro do Comunismo”, publicado na França em 1997 e traduzido para 17 idiomas, fruto do trabalho de pesquisadores franceses e russos nos traz um pouco do que realmente foi o regime “comunista” na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas que então englobava a Rússia e quase todo o leste europeu.

Primeiramente os frutos do comunismo foram a falta de liberdade de expressão e o fim da propriedade privada. Tudo deveria ser do Estado, portanto fazendeiros desse país até então pouco influenciado pela revolução industrial eram os primeiros “inimigos” do Estado, e a religião também tinha que ser abatida, seguiram ao pé da letra a expressão de Karl Marx: “A religião é o ópio do povo”, uma critica ao fervor religioso que nos leva ao radicalismo e não a religião em si. Grandes fazendeiros foram deportados para os campos de concentração, conhecidos como “Gulag”, os oficiais do Czar Nicolau II bem como quase todos seus parentes, sejam os mais próximos ou mais distantes foram fuzilados.

Russos que tinham parentes no exterior foram proibidos de estabelecer contato com eles, qualquer crítico ou opositor ao regime era deportado para a Sibéria, obrigado a trabalhar em campos forçados ou exterminado sem ao menos um julgamento. Os burocratas e líderes do partido comandavam o Estado e se beneficiavam junto com suas famílias das riquezas da nação, porém o povo vivia de forma simples e sem o poder de expressão.

Houve deportações em massa, minorias étnicas foram dizimadas, sobre as ordens de Stalin, o líder soviético de 1922 a 1953, morreram mais de dez milhões de russos, opositores ao sistema, religiosos e minorias étnicas como os alemães do vale do rio Volga, todos deportados para a Sibéria, e os ucranianos com o “Holocausto Ucraniano”, quando o regime deixou de provir esse povo com alimentação durante os anos de 1932 e 1933. Estima-se que os ucranianos mortos tenham sido 4,5 e os alemães dois milhões.

Isso sem contar os mortos na China, Europa Oriental, Vietnã, Coréia do Norte, África e Afeganistão. Para Eric Hobsbawm, historiador inglês e ex-comunista, escritor bem conhecido no Brasil, “Mesmo que as cifras (dos crimes socialistas) caíssem pela metade, seriam moralmente inaceitáveis”. O que não podemos negar sejam os críticos ou defensores do sistema é que o comunismo onde esteve se manteve pela repressão, pelo medo, pelos crimes e torturas e se fosse o regime ideal não teria sido sepultado com a queda do muro de Berlim em 1989.

O preocupante é quando alguns líderes de nações, sobretudo as da América Latina, tentam implantar regimes semelhantes e quando muitos “intelectuais”, professores, historiadores, escritores, apóiam esses regimes, justificando-os pelos êxitos, como os progressos na medicina, educação, industrialização e excluindo em seus escritos todo esse passado negro das nações socialistas.

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