segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Texto referente à palestra sobre comunicação comunitária

No dia 25 de agosto de 2007 tivemos uma palestra no auditório da Feevale sobre comunicação comunitária, com o estudante de Jornalismo, Marcelo Jaguar. Marcelo é proprietário junto com um grupo de amigos de um jornal que aborda temas voltados para as comunidades mais carentes e para as pessoas que vivem nelas. Com esse trabalho ele e seu grupo mostram um outro lado dessas pessoas e dos locais onde vivem. Diferente da visão da grande mídia que geralmente mostra esses cidadãos de uma forma sensacionalista dando destaque apenas para seus maiores problemas, essa outra comunicação apresenta essas comunidades de outra forma, mostra a história do local, o que fazem os moradores, suas opiniões sobre diversos assuntos, entre outras informações.
Segundo o palestrante e a professora, Dra. Neusa Ribeiro, a representação da comunicação comunitária, que começou a crescer em nosso país a partir da década de 1990, não são apenas as rádios comunitárias, idéia que vêem a nossas mentes quando é comentado esse assunto. A comunicação social tem uma abrangência muito maior. Existem os jornais de bairros, o jornal do Kephas e o da Vila Martin Pilger em Novo Hamburgo, são dois exemplos disso, também outras formas como livretos, panfletos. É uma comunicação integrada, entre o morador da localidade com o repórter, de todos (os habitantes não importando o nível de conhecimento que tenham, podem ajudar), para todos (para os moradores do local, quanto para a comunidade externa) e feita por todos. O maior objetivo do jornalismo é isso, uma comum ação, comunicar algo a alguém, parte do indivíduo para o todo.
Existem dezenas de acontecimentos em um determinado local. Cabe ao jornalista decidir o que é mais importante para a divulgação, para tornar público. O jornalista precisa escrever sobre o que as pessoas necessitam saber, ele consegue transformar um fato de um local em uma grande notícia para que aquela informação não fique restrita apenas para aquela localidade. Sabemos que ter o conhecimento, ter a informação é também ter muito poder. Que muitas vezes as grandes empresas, a grande mídia como são chamadas, manipulam isso tudo da forma que melhor lhes beneficie e isso é muito perigoso. São os privilégios de meia dúzia de grandes empresas, das famílias e pessoas que as detêm, prevalecendo sobre a maioria da população, sobre milhares, para não dizer, milhões de pessoas.
O palestrante falou sobre as novelas, que hoje o que mais vale nesse horário não é o conteúdo nem a qualidade do entretenimento e sim o espaço comercial entre os intervalos desses programas que são vendidos a empresas. Nas próprias notícias que são divulgadas também o que mais vale muitas vezes é o interesse da empresa que detêm essas informações, omitem-se fatos, transformam mentiras em verdades, verdades em mentiras, não divulgam um grande acontecimento ou dão grande publicidade a um fato isolado. O palestrante foi muito severo em algumas colocações. Disse que o profissional faz os textos e que não é valorizado, que nem tem mais seu nome assinado nas vezes que faz as produções textuais. Que passam seus textos aos redatores, e que esses cortam trechos sem nem analisá-los. Falou que os jornalistas trabalham muito para o pouco retorno que tem em ganhos financeiros. Que os grandes jornais apenas se interessam nas vendas, nos lucros e não na qualidade. Apesar das críticas constata-se que em tudo “há os dois lados da moeda”, assim como há o mau exemplo de grandes empresas também há manipulação por parte das rádios comunitárias como o caso citado pela professora Neusa de muitas dessas rádios serem controladas por igrejas pentecostais que utilizam parte de seu horário para propaganda sobre vendas de produtos, anúncios, sendo que nas rádios comunitárias é permitido segundo a lei no máximo apresentarem o nome das empresas que as apóiam. E também há ótimos profissionais nas grandes empresas de comunicação e empresas que valorizam seus funcionários e que fazem bons trabalhos na divulgação de fatos que interessam a sociedade em geral.
Foi uma palestra interessante, um bom profissional deve se interessar por maiores conhecimentos de ambos os lados. Conclui-se que a comunicação comunitária é diferenciada, que deve sim haver essa outra apresentação, essa outra discussão, uma outra visão não tão sensacionalista e não tão comercial sobre os fatos, sobre esses locais, essas pessoas e para estas pessoas. Que essa nova comunicação é muito importante para maiores reflexões, para visualizarmos essas comunidades carentes de uma outra forma. Para maior compreensão, menos preconceito e maior participação.

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