domingo, 20 de dezembro de 2009

Liberdade de imprensa ameaçada também no primeiro mundo

Por Felipe Kuhn Braun

Costuma-se ouvir os políticos reclamando da imprensa. Realmente o quarto poder joga duro muitas vezes, porém, o que seria da sociedade sem um trabalho de divulgação crítica? A maior parte dos acontecimentos ilícitos envolvendo políticos não vêm a tona, mas, graças a uma imprensa mais livre nos dias de hoje que soubemos mais sobre o mensalão, a fraude das ambulâncias, os atos secretos no senado ou a fraude do DETRAN aqui no Estado. Se faltam leis e homens sérios para punir esses bandidos de colarinho branco, isso é outra conversa, mas graças a imprensa que tomamos conhecimento desses casos em que o principal lesado é o contribuinte e o cidadão de bem.

Costumamos criticar nosso país e elogiar tudo que vêm de fora. Estados Unidos, França, Itália, quantos elogios e quanta vontade de muitos em conseguir cidadania, virar “cidadão europeu”, ser aceito no primeiro mundo e quem sabe, emigrar para lá em busca de melhores condições. Engana-se quem acredita fielmente apenas nos pontos positivos desses países. Com a questão da imprensa a mesma coisa, a tendência nossa é pensar que lá tudo funciona tão bem que o jornalista não precisa se preocupar com segurança, divulgação de informações e com a mordaça a imprensa.

No ano passado a ONG Repórteres Sem Fronteiras, divulgou um relatório sobre a liberdade de imprensa na União Européia. As informações são impressionantes, também no primeiro mundo repórteres são ameaçados e intimidados. Na França os repórteres que cobriram as manifestações populares de três anos atrás, foram expostos a represálias físicas, entre os feridos na época estavam jornalistas e fotógrafos. Na Itália a situação complica ainda mais, dezenas de repórteres têm que trabalhar sob proteção policial, ameaçados pela máfia que domina cidades e regiões pelo país.

Não podemos esquecer de Roberto Saviano, publicou o Best seller Gomorra, uma série de investigações sobre a máfia italiana que controla desde as importações de Nápoles até cadeiras no parlamento. Jornalista renomado e carta marcada entre os mafiosos. Saviano desde a publicação de seu livro vive sob proteção policial e sigilo absoluto. Na Espanha a mídia é intimidada há décadas pelo grupo revolucionário ETA que inclusive matou um jornalista espanhol e deixou outro ferido no ano de 2000. A Alemanha não deixa por menos, desde os atentados de onze de setembro e o apoio militar aos norte-americanos no Afeganistão o governo cada vez mais restringe a proteção aos informantes e os segredos da redação, como relata a emissora de comunicação Deutsche Welle.

Muitos países pouco respeitam a liberdade de expressão, entre eles Cuba e Israel, parecem ser tão opostos, mas são tão próximos no que diz respeito à eliminação de notícias negativas as suas atuações. Fidel Castro e o premiê israelense Netanyahu nos assustam com suas declarações. Fidel andava dizendo que a gripe A aumentava em Cuba devido à entrada de turistas norte-americanos na ilha e em suas últimas declarações dizia que Obama foi cínico em receber o premio Nobel da Paz. Fidel podia falar horas e horas sobre o que quisesse na TV estatal cubana, porém o povo só podia se manifestar caso fosse a favor de sua administração. O premiê israelense Netanyahu “exige” que o governo sueco condene uma reportagem publicada no jornal Aftonblades da Suécia, sobre um possível tráfico de órgãos de palestinos, feito por soldados israelenses.

Quem deu o grande exemplo foi Carl Bildt, ministro das relações exteriores da Suécia que declarou que em seu país a imprensa é livre para veicular o que deseja. Que embora não haja provas do texto veiculado no Aftonblades, a responsabilidade não é do governo e sim do jornal que publicou o texto. Ponto para a Suécia em um mundo onde a liberdade de imprensa está cada vez mais ameaçada.

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