terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O antigo clube de filatelia hamburguense fechará suas portas

O antigo clube de filatelia hamburguense fechará suas portas

Por Felipe Kuhn Braun

Soube esses dias que um lugar pouco conhecido pela maioria dos habitantes de Novo Hamburgo fechará suas portas definitivamente. É o clube de filatelia. Um nome interessante, porém pouco conhecido pela maioria dos falantes da língua portuguesa. Filatelia é a arte de colecionar selos. Geralmente os colecionadores tradicionais são senhores de meia idade e de muita idade!

Para o bom filatelista, o simples ato de guardar os selos que chegam nas esporádicas cartas que recebemos nesse mundo pós-moderno, não é filatelia. O bom colecionador deve colecionar temas como fauna e flora, aviação e navegação ou países específicos. Os mais novos impressos pelos correios são baratos e existem aos montes, mas os mais antigos são verdadeiras relíquias, o Olho de Boi, primeiro selo impresso no Brasil, o ein Kreuzer da Baviera, primeiro alemão ou o One Penny da Inglaterra, primeiro selo impresso no mundo em 1840, valem uma nota, ou melhor, muitas notas!

O antigo clube hamburguense tem sede própria, uma sala no meio do centrão de Novo Hamburgo, não há avisos sobre o clube nem mesmo na entrada da galeria daquele prédio cinzento, a entrada localiza-se inclusive em uma rua nem tão movimentada da cidade. Porém o clube guarda um grande acervo, lá ocorriam os troca-trocas, leilões e encontros de duas em duas semanas. Com o tempo os sócios mais velhos faleceram, suas viúvas e filhos se desfizeram de coleções organizadas durante décadas, em apenas alguns minutos e por alguns trocados. Alguns já em vida venderam suas coleções, muitos, pois perderam dinheiro nas épocas de crise que passou a grande cidade do calçado. O clube não divulga seus eventos e foi perdendo sua força.

Hoje não mais que meia dúzia de senhores se reúnem sob a organização de um senhor holandês erradicado em Novo Hamburgo há mais de meio século, que ainda cultua a arte de colecionar, prática tão difundida em sua pátria natal, no velho mundo e tão desvalorizada por aqui, nas terras tupiniquins. Os seis muitas vezes são representados por dois ou três senhores, não conseguem mais quorum para as reuniões mensais e vivem com quase dois pés no passado, sentindo a nostalgia dos tempos áureos do colecionismo. Hoje se desfizeram de uma parte do material e terão que fechar o clube em breve. Mais uma perda cultural para Novo Hamburgo.

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