terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RESUMO DO FILME OBRIGADO POR FUMAR RELACIONADO A SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO

RESUMO DO FILME OBRIGADO POR FUMAR RELACIONADO A SOCIOLOGIA DA COMUNICAÇÃO*


Por Felipe Kuhn Braun

O filme “Thank You For Smoking”, Obrigado por fumar, nos leva a refletir sobre diversos assuntos, mas creio que o objetivo principal seja falar sobre as questões éticas. Até onde pode chegar um homem que defende as companhias do fumo? Quais os argumentos que ele consegue usar para defender algo que faz mal para a saúde? E que além da saúde, consume muito dinheiro? As companhias com seus interesses nas vendas desse produto, quais as estratégias de marketing para conseguir “mais adeptos” ao “time dos fumantes”? A jornalista que dorme com sua fonte para conseguir informações em off e publicá-las? Onde está a ética nas atitudes da jornalista? E a sociedade até que ponto ainda precisa ser avisada sobre os malefícios do fumo nos dias de hoje?

Nick Taylor, o relações públicas das empresas de cigarros se reúne todas as semanas com dois amigos, a representante do álcool e um amigo representante das indústrias bélicas norte-americanas, em um restaurante debatem semanalmente os malefícios e benefícios da profissão, o que fazem para convencer o público com suas argumentações. Qual o raciocínio que utilizam para defender o que apenas prejudica a sociedade.

O congresso americano defende uma tese, devem colocar avisos em todas as caixas de cigarro com o símbolo do veneno e seu nome em inglês, poison. Para isso os congressistas começam uma série de debates sobre o tema. Nessa mesma época Nick Taylor que defende acima de tudo os interesses das empresas, as quais ele é empregado, aparece em programas de televisão, auditórios, sempre com o mesmo discurso, “há benefícios no fumo”. Taylor tem pouca convivência com o filho e o leva para os locais “de trabalho”, para empresas e pessoas que Nick deve visitar sempre escondendo fatos, pistas, “maquiando” as informações e pensando sempre, quais as formas de atrair mais consumidores a um produto que só é defendido pelos que lucram com ele, nem tanto pelos que o consomem.

Nesse meio tempo uma jornalista telefona para Taylor. O objetivo dele é ter argumentos e nunca faltar a debates e entrevistas. A jornalista é sedutora e primeiramente o convida para jantar, mas as coisas para Nick saem melhor do que esperado, logo no primeiro encontro ela o acompanha até seu apartamento e os dois acabam “se conhecendo melhor”. A convivência começa a ser semanal e ele confidencia a ela todos os truques utilizados para o público se convencer de suas teorias, revela como acontece tudo nos bastidores.

O filme mostra o ex-ator que fez todas as propagandas antigas da Mallboro, antigamente um homem charmoso, um cawboy, o símbolo máximo da cultura americana ao menos no sul. O cigarro em sua época era associado ao bem estar, ao espírito jovem, a beleza dos homens e mulheres. O cigarro representava a virilidade norte-americana. Com idade avançada esse cidadão que lucrou e ficou conhecido nos Estados Unidos não viverá mais muito, pois está tomado pelo câncer, quantos foram os que se iludiram com o cigarro? Pois junto com o envelhecimento vieram os problemas de saúde e muitos faleceram ainda jovens em decorrência do fumo. Nick visita esse cawboy norte-americano e mostra mais uma vez sua bela retórica e com entende sobre arte do convencimento. Ele faz o cawboy aceitar uma enorme quantia em dinheiro com apenas pedido, que o senhor tomado pelo câncer não conte mais a imprensa sobre seu caso.

Quando tudo parecia estar muito bem, Taylor abre os jornais e se depara com uma grande reportagem sobre ele. Tudo nos mínimos detalhes, suas estratégias, uma compilação de suas falas mais grotescas, algo que jamais diria ao grande público. Muitos de seus pensamentos revelados a um círculo pequeno de amigos e a uma pessoa com quem confidenciava há tão pouco tempo, aquela “jornalistazinha que se divertia” com ele. Um dito popular brasileiro nos ensina: “cuide onde vai amarrar seu burro”, Nick amarrou o dele no lugar errado. A jornalista fez uma brilhante reportagem, sem dúvida à manchete do dia, da semana! Tudo revelado ali, um furo de reportagem! Todos se perguntavam, como ela conseguiu algo que tantos tentaram sem êxito? Como conseguiu informações tão confidenciais de um homem público que representa muitas das maiores empresas norte-americanas? A jornalista ficou conhecida, porém, não agiu de forma ética do exercício de sua função. Colocou informações que deveriam ficar em off, se relacionou com a fonte, isso é outra premissa básica que já nos ensinam os nossos mestres e os manuais de comunicação, mantenha-se afastado dos teus informantes, não tenha relacionamentos afetivos com eles pois isso pode lhe gerar problemas. Mas Taylor era excelente em retórica, em argumentação, foi chamado pelo congresso para depor e esteve lá, mostrou que foi “usado” pela jornalista e que acima de tudo ainda defenderia a causa das empresas dos cigarros por que elas que o mantinham, e eles precisam ter alguém como seus relações públicas, afinal assim como as fábricas de álcool e armas, sempre existirão, com lucros tão exorbitantes jamais sairão de cena, talvez troquem de mãos, mas enquanto o homem existir, estarão elas lá. Existirão vícios, existirão guerras.

RESUMO SOBRE OS ASSUNTOS ABORDADOS EM AULA:

Estudantes de Jornalismo, Relações Públicas ou Publicidade e Propaganda, seremos todos funcionários da comunicação. E o nosso compromisso é com o público, o nosso dever é com o leitor, o ouvinte, o telespectador. Um compromisso tão grande quanto o de um advogado ou de um médico, pois somos formadores de opinião, por isso deve haver a busca eterna pela objetividade, pela isenção, pelo jornalismo interpretativo e não opinativo, pelo jornalismo preventivo e não adivinhatório. Por isso o jornalista deve gostar de história, ter uma boa memória, acompanhar os fatos, saber outros idiomas, entender um pouco de política e economia e saber contextualizar os fatos para prever o que poderá acontecer. De nada adianta ter uma informação por ter. Por exemplo, um ataque de grandes proporções como o de onze de setembro, apenas mencioná-lo não significa nada, agora contextualiza-lo na questão internacional é que nos traz respostas, mais conhecimento, nos faz pensar de uma outra forma.

Tudo tem os dois lados da moeda, os Estados Unidos não foi uma nação agressora até agora, ou foi? Os talibãs, muçulmanos não estão sendo muito radicais e guiando-se apenas por uma linha de pensamento? Achar que os norte-americanos ou os muçulmanos sejam apenas as vítimas ou agressores? Muitas pessoas analisam os acontecimentos apenas e defendem a ou b, pela visão ideológica, claro que desde que nascemos às coisas são ensinadas de acordo com o meio em que vivemos e vamos cristalizando nossas idéias junto com o pensamento familiar, com as ideais de nosso grupo de amigos, os pensamentos de nossa sociedade, mas o jornalista deve pensar mais além, não deve ter um paradigma cristalizado e pronto. Deve ler o que dizem os diversos pensadores, ler sobre capitalismo, sobre comunismo, socialismo, social-democracia, liberalismo. Entender um pouco mais sobre a cultura ocidental, a oriental, o que pensam os japoneses? Os coreanos? Os Chineses? Três sociedades orientais que pensam cada uma de uma forma diferente, com costumes diversos.

E nas aulas que tivemos conseguimos ter muitas idéias diferentes, como que funcionam as coisas nos bastidores, a mídia e os seus truques. E tudo é muito difícil, pois os diferentes grupos defendem apenas seus interesses, mostram apenas o seu lado, o maior problema é quando a mídia tem a tendência de mostrar apenas um, de omitir as informações sobre o outro. Nos dias de hoje com a facilidade aos meios de comunicação, a mídia impressa espalhada em diversos tipos de periódicos, em diversos tipos de temas, o rádio, a internet, as bibliotecas públicas. Hoje não está informado apenas quem não quer ou quem não tem condições intelectuais para isso.

Trabalhamos primeiramente com as raízes da comunicação, e como ela surgiu nas estruturas a qual nos apoiamos hoje, na idade média na época em que o conhecimento estava apenas ao alcance dos nobres e do clero. Essas duas classes tinham um grande contato e na Europa ocidental, havia um grande número de mosteiroso tem condiçem ns quem niotecas p, o ros de periomunicaçesses, mostram apenas o seu lado, o maior problema nham, e eles precisa e só esses lugares que tinham grandes bibliotecas, nada que se compare com uma biblioteca da Unisinos, que pelas informações divulgadas peles padre jesuítas, está entre as maiores bibliotecas da América Latina; ainda mais porque os livros eram todos copiados a mão, um por um, apenas na metade do século XV que Gutenberg inventaria a prensa e que revolucionaria os métodos de publicações. Os monges viviam como hoje, não com confortos diversos como passeios e transportes de carro, avião, mas como ainda hoje se aplica, faziam votos de pobreza e em muitos lugares ficavam para sempre. Também havia o silêncio para os religiosos fazerem suas orações, para meditarem, filosofarem, exercitarem a mente, a concentração. No intervalo após a janta ou durante a hora da alimentação, era a única oportunidade para conversarem, a assim contavam o que tinham feito durante o dia. Um cuidou do monastério, o outro copiou páginas para o novo livro. E ali surgiu a comunicação com a idéia de passar informações aos demais.

Também debatemos ainda na primeira aula sobre os pressupostos que devemos colocar ao ouvir ou ler determinadas informações, para não aceitarmos de forma passiva e sem compreensão sobre os fatos. Devemos verificar a fonte da informação, comparar os discursos, a semelhanças e as dissonâncias, pois nunca haverá um conceito absoluto. Pensar de forma absoluta sobre determinado fato é excluir a possibilidade de pensar mais além, devemos também estar atentos à intenção do discurso, será que muitas vezes não estão querendo nos manipular? Devemos dialogar, apresentar nossas idéias, ter uma articulação delas e tentar chegar a um sentido comum. Como comunicadores temos que aprender os códigos para os comunicarmos para que o ciclo “Emissor-mensagem-meio-receptor” tenha eficácia. O jornalista jamais pode ser massa de manobra, ele deve saber codificar as informações.

Na última aula tratamos sobre o “american way of life”, estilo americano de vida. Foi o estilo norte-americano de se vestir, de consumir, de viver como sociedade que foi passado através dos tempos pelos diferentes meios de comunicação e se incorporando em quase todas as sociedades do mundo ocidental. Há um ditado que diz que a melhor forma de dominar um povo é dominá-lo culturalmente. Hoje talvez o meio mais aplicado seja a televisão, mas no pós-guerra não era assim, a primeira transmissão de televisão foi na Alemanha no auge do regime nazista para passar ao mundo “as glórias” do regime de Hitler, as olimpíadas em Berlim foi uma grande propaganda para a Alemanha, mas para divulgá-la perante o mundo, Hitler e sua equipe era formada por pessoas muito inteligentes, tanto que foi o primeiro país no mundo a ter um ministério da propaganda, geralmente os que precisam de muita propaganda é os que muitos problemas têm. O regime nazista usou também o cinema, em 1933 quando recém tomava o poder na Alemanha já negociava com a grande cineasta alemã Lili Riefenthal, a produção de um filme chamado “Triunph des Willens” Triunfo da Vontade. Este filme foi produzido em Nürenberg, cidade berço do nazismo, e foi muito divulgado pelo regime nazista. Hitler também utilizava outros métodos de propaganda como à contratação de um fotógrafo pessoal que fazia divulgação de suas fotos conversando com trabalhadores, acariciando crianças, discursando, estas sempre com muito cuidado, geralmente mostrando-o da cintura para cima, jamais de óculos. Goebbels realmente foi um mestre da propaganda. A televisão foi no começo um método de propaganda nazista, após o término da guerra seria inadmissível para os norte-americanos divulgarem propagandas suas em um meio de comunicação usado anos antes pelos seus inimigos. Então utilizaram a grande invenção dos irmãos Lumière, o cinema.

O mundo estava em plena guerra fria, a época de bipolarização, de um lado os Estados Unidos da América e do outro lado as União das Repúblicas Socialista Soviéticas, dois grandes grupos, não havia meio termo, ou deviam ser capitalista ou comunistas, aliados de um, inimigos do outro, impossível ficar neutro nessa história. Foram investidos bilhões em armamentos, em propaganda, na corrida espacial (a corrida armamentista e ideológica). A União Soviética lançou o primeiro satélite no espaço, depois a cadela russa, os norte-americanos perdiam de 2x0, mas mudaram radicalmente o placar ao conseguir com muito esforço, com que o primeiro norte-americano pisasse no espaço, creio que o correto não seja dizer o primeiro homem, era pura propaganda ideológica, era um norte-americano fincando lá longe a bandeira do maior império do século XX. Um pouco antes dessas façanhas todas, o cinema já era utilizado para fazer propaganda do estilo americano de vida. Criavam-se símbolos ideológicos, mitos, Elvis Presley (conhecido pela alcunha de Elvis the pelves) e Marilyn Monroe são os mais conhecidos. Elvis Presley o jovem músico, elegante, charmoso, que cantava bem. Marilyn, a loirinha desejada por todos, a mulher doce, carinhosa, porém desprovida de conhecimentos e frágil, desprotegida. Graças a Marilyn que hoje existem piadas e loiras, foi feita uma associação na época, às mulheres tão belas como Marilyn, aos olhos masculinos em geral, geralmente loiras, são não só as mais desejadas como também as menos inteligentes.

E aí vieram as propagandas e tudo para cá foi importado, os Shopping Centers, as grandes redes de supermercado, as roupas, os calçados, as redes de fast food, os filmes, seriados, o idioma inglês, praticamente o único estudado no Brasil. Os cigarros com a veiculação de propagandas norte-americanas. As histórias em quadrinhos, o capitão América, o tio patinhas, esse sim o modelo neo-liberal ao extremo, representando muitos norte-americanos, e porque não falar em simpsons? O próprio criador há pouco tempo atrás revelou que o atrapalhado personagem, chefe da família simpsons, conhecido por todos como Homer, foi criado como uma forma de crítica representando como realmente são muitos norte-americanos, alienados, com mais atenção à cerveja e a televisão (isso nos lembra nosso país), a falta de conhecimento que é possível notar dentro dos Estados Unidos somente com o idioma, quantos sabem algum a mais que o inglês? A própria mídia deles também é de se questionar e motivo para trabalhos de pesquisa, porque eles sabem tão pouco sobre outros países? Porque quase tudo que é veiculado lá, são notícias internas, sendo que no Brasil muitas delas são da Europa, Estados Unidos, news do primeiro mundo, mesmo o cidadão mais comum brasileiro já deve ter ouvido ao menos alguma vez falarem em Bush, Clinton..., talvez não saiba nem quem são, muito menos que a capital deles é Washington, porém duvido que lá haja mais informações de outros países divulgadas pela mídia, do que aqui no Brasil, embora não podemos esquecer que a grande hegemonia mundial ainda é o país do Tio Sam e portanto cito as palavras de um jornalista brasileiro, “assim como a pizza é italiana e o cricket é inglês, as notícias são norte-americanas”.


*Texto que fiz em 2007 para a cadeira de Sociologia da Comunicação, ministrada pelo Sr. Dr. Henrique Keske.

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